LENDO “O ORNITORRINCO” NA PERIFERIA

modos de vida e inserção da classe trabalhadora na estrutura produtiva

Resumo

O artigo revisita o ensaio do sociólogo marxiano Francisco de Oliveira, intitulado, O ornitorrinco, em busca da compreensão sobre a constituição e perenidade da periferia como o território de vida da classe trabalhadora urbana brasileira. Esse exercício tem uma origem, as minhas reflexões a respeito dos jovens pertencentes à essa classe na antropologia urbana, por isso essa revisita é realizada em diálogo entre essas duas disciplinas das Ciências Sociais. Cujo objetivo é conectar os acontecimentos macrossociológicos aos microssociológicos, tornando a compreensão da vida juvenil às margens dos centros urbanos mais crítico. Haja visto que o sociólogo conhecido por Chico de Oliveira faz de sua análise acerca da mudança do setor-chave da economia brasileira, passando da agricultura à industrialização, uma crítica marxista às outras interpretações sobre o mesmo processo. Interpretações que, muitas vezes, são tomadas de barato por profissionais da etnografia urbana, quais observam os modos de vida na periferia uma criatividade e não, como coloca o pesquisador, a parte cruel que cabe à classe trabalhadora no desenvolvimento do capitalismo brasileiro, essa que conheceremos com as etnografias e as conclusões do autor sobre o surgimento do ornitorrinco.